Curiosidades - Calçada de Copacabana

Pouca gente sabe que o desenho das calçadas de Copacabana tão conhecido como logotipo internacional do bairro e imortalizado no mundo inteiro não é brasileiro.

Em Lisboa, desde 1842 já se usavam mosaicos nas calçadas e praças como os da praça D. Pedro IV que tem o mesmo desenho de Copacabana. Seu traçado foi escolhido para homenagear o encontro das águas doces do Rio Tejo com o Oceano Atlântico.

Praça Dom Pedro IV - Lisboa 
Em Manaus também vemos o mesmo desenho na calçada do Largo São Sebastião, em frente ao Teatro Amazonas que foi finalizada em 1901, mas já estava planejada desde 1880. Os moradores de lá gostam de dizer que o desenho simboliza o encontro da água escura do Rio Negro com a água barrenta que chega pelo Solimões. Os rios levam quilômetros para se misturarem completamente, formando o Amazonas.

Praça São Sebastião em Manaus 
No Rio de Janeiro o desenho foi aplicado na Praça Floriano e nas calçadas da Av. Atlântica quando Pereira Passos era prefeito da cidade. Ele, homem septuagenário, havia estudado em Paris e influenciado pela arte europeia empreendeu rasgar a cidade com grandes avenidas. Foi ele que arrasou com o morro do Castelo que tinha cerca de 600 casas para abrir a Avenida Central em 1905, hoje Avenida Rio Branco. Para calçar essa Avenida Central ele fez vir de Portugal, não só um grupo de calceteiros, mas também pedras de calcita branca e basalto negro, abundantes nas proximidades de Lisboa.

A quantidade importada era tão grande que, além de calçar toda a Avenida Central, com desenhos variados, as pedras ainda foram calçar, em 1906, a Avenida Atlântica, construída também por iniciativa de Pereira Passos no bairro de Copacabana que começava a ser habitado viabilizado pela abertura do túnel do Leme no início daquele ano.

Depois disso, com a descoberta de uma jazida no Rio de Janeiro, essas pedras não mais foram importadas, mas ainda conservaram o nome de “pedra portuguesa”.

Em Copacabana a história é que o desenho da calçada imita as ondas do mar, diziam. Naquela época era menos curvilíneo e se desenvolvia perpendicular à praia. Um bom testemunho disso é a foto muito divulgada desde 1922, retratando a marcha dos 18 do Forte no dia 5 de Julho.



A Revolta 18 do Forte - 1922

Hotel Copacabana Palace 


O desenho foi modificado para ser paralelo à orla só no início dos anos 30, depois que uma grande ressaca arrebentou boa parte da calçada existente. Mais pra frente, durante a grande reforma dos anos 70 quando foi feito o alargamento e duplicação das pistas, a ampliação da extensão da faixa de areia, que o paisagista Roberto Burle Marx mantendo o desenho anterior, uniformizou a orientação e ampliou o tamanho das ondas, fazendo-as condizentes com a largura da nova calçada.

Foto antes da duplicação e alargamento

Desenho após a reforma de 1970 - Burle Marx

Comentários

  1. Gostei muito de saber sobre o calçadão de Copacabana. É sempre bom conhecermos a história de alguns bairros

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  2. Muito bos a informação. Parabéns!

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