Lixo nosso

A geração de resíduos é inerente às atividades humanas desde os primórdios da história, quando esta produção se constituía basicamente em material orgânico facilmente degradado e passiveis de serem reabsorvidos pela natureza. Com a Revolução Industrial e a expansão do consumo, os resíduos se modificaram em quantidade e composição, tornando-se um dos grandes problemas socioambientais da atualidade.
Considerando que mais de 80 % da população total vive atualmente nas cidades, essa questão é foco das discussões como algo necessário e urgente, principalmente porque a baixa qualidade de vida tem sido agravada cada vez mais pelos problemas de destinação dos resíduos gerados. E quando falamos em resíduos urbanos gerados devemos considerar não apenas o lixo como também o esgoto.
Esse assunto tem me deixado indignada com o comportamento das pessoas.  Todos, como cidadãos deveriam se envolver com essas questões porque a natureza nos fornece tudo que precisamos, mas não podemos retribuir utilizando desordenadamente seus recursos sem preocupação com o futuro ou com o próximo.
Recentemente vi aqui em Brasília, capital do país, em pleno centro do Plano Piloto, moradores “despejando” o conteúdo de suas latas de lixo residenciais (vários sacos) na calçada em frente a sua casa, próximo à via pública durante a noite. Achei isso repugnante quando percebi que era um procedimento comum em toda a extensão daquela rua.
Falta de containers apropriados para despejar o seu lixo? Falha do governo em coletar o lixo na hora certa? Tudo isso pode ser explicação, mas não justifica. É falta de educação mesmo.
A problemática do lixo vem de uma questão de educação, e educação não só na escola, a educação que recebemos e que damos aos nossos filhos em casa. Se realmente somos seres racionais vamos mostrar o que somos.
É comum vermos pessoas jogando papel, guimba de cigarro nas ruas ou arremessando coisas pelas janelas dos carros sem imaginar que esse lixo pode impedir o escoamento das águas pluviais e causar um alagamento. Temos que ter consciência que esse não é um comportamento civilizado.  Responsabilizamos o governo por não ter tomado medidas cabíveis, mas nos esquecemos que somos nós que geramos o lixo e o depositamos em locais inapropriados.
Às vezes vemos lixo jogado no chão bem ao lado de uma lixeira. Às vezes precisamos andar um pouco mais pra depositar o nosso lixo num lugar mais apropriado, que não gere maiores problemas pra nós ou o nosso próximo.
Podemos melhorar o visual da nossa cidade. Se tratarmos a nossa cidade como a nossa casa, a coisa seria diferente porque dificilmente você joga lixo no chão na sua própria casa.
A questão da habitação em todo o nosso país é um serio problema que se expressa pela escassez e pela precariedade de uma grande parte das edificações. A oferta pura e simples de novas unidades habitacionais não resolve o problema, porque o maior óbice ainda reside na indisponibilidade financeira de grande parte da população, que em função das leis de uso do solo vão se espremendo em ocupações particularmente dos morros e locais de encostas.
Esses locais muitas vezes ocupados por moradias que, sem saber o risco que estão correndo, vão depositando lixo e acomodando centenas de famílias, até ocorrer casos como o que aconteceu no Morro do Bumba em Niterói no ano passado quando morreram 47 pessoas e outras 3 mil ficaram desabrigadas por causa das chuvas. Chegou-se a conclusão que o excesso de lixo e a presença de gás agravaram a tragédia. Um ano depois, quais medidas foram tomadas para prevenir que coisas desse tipo aconteçam?
Pensar na sustentabilidade das cidades é pensar na conservação e/ou preservação de todos os seus espaços, até mesmo aqueles que não fazem parte de seus domínios. É pensar em dar qualidade de vida digna aos seus habitantes através de um meio ambiente equilibrado - incluindo-se neste contexto moradias dignas, água de boa qualidade, coleta e tratamento de esgotos e lixo, lazer, livre acesso à cultura, à educação, aos esportes, entre outros fatores relacionados à qualidade de vida.

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