Estrutura de Aço no Brasil

O uso do concreto tem sido elemento primordial da construção na história da Arquitetura no Brasil. Le Corbusier utilizou o material como principal elemento básico estrutural que acabou por se tornar o material mais usado não só como elemento estrutural, mas também como elemento de fechamento que caracterizou a fase da arquitetura moderna brasileira do concreto aparente.

A tecnologia do aço é largamente utilizada no mundo. Nos Estados Unidos esse material já é utilizado desde o século 19, no Japão cerca de 50% das construções são em aço, na Inglaterra 65% são com estrutura metálica. Além disso, não posso deixar de citar em especial o “Mestre Calatrava” de quem sou fã de carteirinha desenvolvendo “Esculturas”, estruturas lindíssimas em estrutura metálica.

Projeto de Calatrava - Estação do Metro no WTC - NY
Apesar disso ainda são poucos os arquitetos no Brasil que dominam a tecnologia e se aventuram por esse caminho.

Siegbert Zanettini é um deles. Pioneiro do aço no Brasil acompanha, desde a década de 1970, com o aparecimento das primeiras siderúrgicas e de novas fábricas de estruturas metálicas e indústrias de componentes no País. Sua opção pelo aço vem desde a época em que não havia mercado fabricante nem disciplina nas escolas brasileiras sobre o assunto. Desafiando todas as dificuldades, empenhou-se na missão quase impossível de conquistar setores e segmentos da cadeia da construção civil, cooptando o apoio de instituições que viessem a utilizar esse material no futuro.

Zanettini cita a prática do Banco Nacional de Habitação-BNH nos empreendimentos que financia, adotando uma política de construção com mão de obra desqualificada que gerou uma “indigência construtiva” na construção civil além da péssima qualidade tanto do ponto de vista urbanístico como arquitetônico. Aqui predomina a cultura do desperdício, do não reaproveitamento e muito menos da reciclagem de materiais.

A tecnologia do aço permite maior rapidez na execução além de contribuir, conforme o próprio Zanettini explica, para elevar o padrão do operário e do seu aperfeiçoamento, bem mais que outros sistemas estruturais e construtivos porque exige uma outra postura de profissional em termos de trabalho e experiência com um treinamento técnico mais amplo por conta da tecnologia e do conhecimento necessário. Isso foi aplicado, por exemplo, no projeto do Centro de Pesquisa da Petrobras, o Cenpes, no Rio de Janeiro uma das maiores obras em aço executada recentemente no país.
Novo centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), no Rio de Janeiro, um dos mais recentes projetos de grande porte de Zanettini, que tem o aço como elemento de destaque.
Para ele é um erro dizer que o aço é mais caro que o concreto. Esse é outro tabu. Essa comparação num mesmo projeto é difícil porque o aço não tem o mesmo comportamento da estrutura em concreto. O custo da estrutura numa obra gira entre 25 a 40% do total. Para perceber o que realmente pesa no seu custo, todo o conjunto enorme de componentes para completá-la deve ser avaliado. Um projeto arquitetônico em aço já deve ser concebido em aço desde o início.

Concordo plenamente com a opinião dele a respeito das obras da Copa no Brasil:

“...há um panorama político de contratação. São contratos de interesses de grupos nacionais e internacionais. Interesses políticos e econômicos, um cenário que alijou todos os arquitetos brasileiros importantes e não incentivou a execução de projetos com a nossa identidade. Não há duvida de que entendemos mais de nossos problemas do que os profissionais de fora. Nesses estádios a gente vê alguns absurdos. Eu cito um pelo menos: o estádio de Manaus, por exemplo, com capacidade para 75 mil pessoas e volume inicial de investimentos da ordem de R$ 750 milhões. Imaginem um estádio deste porte onde o futebol não tem grande receptividade. É o que está acontecendo na África e na China: estádios monumentais, com custo de manutenção altíssimo e que acabam ociosos. Eles estão com problemas sérios, porque não têm como manter essas arenas. E aqui podemos ter problemas semelhantes porque apenas cinco ou seis estados têm eventos de porte para se manter um estádio como esse.”

Leia a matéria completa no site da CBCA- Centro Brasileiro da Construção em Aço.
Para Zanettini, o projeto do estádio de Manaus é exemplo de absurdo, por ser um projeto avaliado em R$ 750 milhões, para uma região onde o futebol não tem grande receptividade.

Comentários

  1. Prêmio Abcem

    A ABCEM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO METÁLICA promove o uso da Construção Metálica, integrando a cadeia produtiva e contribuindo para o crescimento do mercado. Assim a cada dois anos, a ABCEM divulga no meio técnico e premia profissionais ou empresas que desenvolveram projetos e trabalhos de destaque.
    Qualificam-se como concorrentes ao PRÊMIO arquitetos, engenheiros, empresas construtoras, fabricantes de estruturas metálicas, que tenham projetos onde elementos e componentes de aço tenham absoluta predominância, incluindo as estruturas mistas aço-concreto. Definem-se como “elementos e componentes de aço” para efeito do PRÊMIO, os seguintes:
    • Estruturas principais e secundárias de aço, aparentes ou não, em perfis
    de alma cheia, laminados ou soldados, conformados a frio, tubulares em
    qualquer forma ou composição, e chapas;
    • Estruturas da cobertura (perfis de diferentes tipos e formas, tubos, etc.);
    • Coberturas e fechamentos internos ou externos (telhas, steel-deck, etc.);
    • Elementos de ligação e de interface com outros tipos de componentes;
    A premiação será dividida em 3 (três) categorias, a saber:
    • EDIFICAÇÕES – estruturas verticais e ou horizontais que se destinam à
    utilização residencial, comercial, escolar, esportivo, etc., de médio e grande
    porte;
    • OBRAS DE PEQUENO PORTE – serão consideradas as estruturas de
    residências, pequenos edifícios, esculturas, monumentos, novas ou
    ampliações/modificações;
    • OBRAS ESPECIAIS – serão consideradas as estruturas como galpões,
    indústrias, hangares, obras de arte, antenas de telecomunicações, etc.
    Premiação:
    Os vencedores de cada categoria farão jus a um prêmio em dinheiro, no
    valor de R$ 9.000.00 (Nove mil reais).
    Aos demais arquitetos cujos projetos se enquadrarem neste regulamento e forem
    considerados pela Comissão Julgadora como concorrentes ao PRÊMIO, serão
    entregues certificados de participação.
    Informações, regulamento, inscrição e envio de projetos pelo site www.construmetal.com.br

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