Cidade das Artes do Rio de Janeiro


Depois de sete anos de obras e paralisações, a Cidade das Artes do Rio de Janeiro (ex-Cidade da Música), um dos mais arrojados empreendimentos públicos destinado à cultura das últimas décadas no País, será finalmente entregue à população no próximo mês de outubro.

Sem querer entrar no mérito do local, dos recursos ou ainda do tipo de contratação do projeto, a obra chama atenção pelo porte em concreto aparente e pelo tipo de implantação em pilotis, criando um parque com espelho d'água em todo o terreno no nível do térreo com plantas dos mangues da região.

Construído na Barra da Tijuca, no entroncamento das avenidas Ayrton Senna e das Américas, o complexo monumental concebido pelo francês Christian de Portzamparc (Prêmio Pritzke de 1994) para sediar a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) oferece espaços de padrão internacional para audições, tanto de música sinfônica e ópera, quanto de música de câmara e popular.

Este foi o primeiro projeto no Brasil do arquiteto frances que já é consagrado por mais de 30 projetos musicais em todo o mundo, entre eles o da Cité de La Musique de La Villette, em Paris, a Filarmônica de Luxemburgo e a Escola de Dança de Ópera de Nanterre, França.

O conceito desenvolvido para o projeto foi de um terraço no alto, aberto para o entorno, porque o arquiteto queria elevar a construção o suficiente para obter visibilidade e destacá-la ao longe. "Se ficasse no solo, o edifício desapareceria no conjunto", explica o arquiteto.

Além da Grande Sala destinada a concertos sinfônicos e de ópera, dispõe ainda de sala para música de câmara/música popular/jazz, para música eletroacústica, camarins; salas de ensaio; salas para aulas de música; midiateca; depósito de instrumentos; escritórios da administração da OSB; três cinemas de arte, além de restaurante, cafés e lojas.

Como a intervenção teria um forte impacto urbanístico na área, foi prevista a construção de túneis, passagens subterrâneas e vias para integração dos acessos de pedestres com os meios de transporte público, além de área de estacionamento para 650 veículos.

Para o cálculo foram contratados especialistas brasileiros, que têm experiência comprovada e reconhecida em todo o mundo no uso de concreto protendido. "Somente o concreto protendido permitiria a esbeltez desejada do terraço e do teto", explica Portzamparc. "Os vãos de 30 m a 35 m exigiram vigas com 1,50 m de altura, e caso optássemos pelo concreto clássico, seríamos levados a lajes três a quatro vezes mais espessas e muito feias." A equipe escolhida foi a de Carlos Fragelli e Ulysses Cordeiro que acompanhou toda a execução do projeto fazendo simulações computadorizadas e os ajustes necessários que a estrutura exigia.

Basicamente, a estrutura do edifício é composta por quatro lajes: a do subsolo, a do teto do subsolo, a da esplanada (a 10 m do solo), e a da cobertura (a 30 m). No volume formado pelas lajes da esplanada e da cobertura, aberto à paisagem e à circulação do público, livre para as entradas de ar e luz, estão os cinco blocos independentes, contidos por paredes estruturais de concreto aparente.

Assim sendo, com poucos apoios verticais e muitas cargas em balanço, a estrutura é "travada", sobretudo, nos elementos secundários de contraventamento, como as paredes inclinadas. As lajes da esplanada e da cobertura são formadas por grelhas com vigas protendidas de 1,5 a 1,7 m de altura. Como há poucos pilares, algumas paredes são estruturais e, além de sustentar parte das cargas das grandes lajes, servem para trazer as instalações do subsolo até os blocos internos.

O edifício é um equipamento de altíssimo nível técnico onde as salas de espetáculo permitem configurações cênicas diversas graças à movimentação de plataformas e torres tanto no palco como nos camarotes. As torres de camarote móveis pesam cerca de 45 t mas devido aos colchões pneumáticos na base, podem ser movidas com a força de 12 homens.

Fonte: Revista Techné




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