As cores da seca

Nesta época de seca aqui em Brasilia, quase 90 dias sem uma gota de chuva, a população sofre com a baixa humidade do ar, próxima dos 10% além das altas temperaturas, que ficam entre os 35 e 40°C.

As vias respiratórias ressecam, a pele resseca, os olhos ficam irritados, os lábios começam a rachar, tem pessoas que até sangram o nariz... enfim, a situação fica muito difícil.

Tudo se agrava com as várias queimadas que enchem o ar de fumaça, dificultando ainda mais a vida do braziliense. Essa situação se estende por todo o centro oeste. A vegetação seca fica vulnerável a qualquer pituca de cigarro ou fósforo aceso jogado irresponsavelmente pela janela do carro.

Ontem, dia 11 de Setembro foi o dia do cerrado. Aliás, setembro é um mês repleto de datas ambientais comemorativas, são pelo menos oito delas: o dia do Biólogo, o dia da Amazônia, o dia do Cerrado, o dia Internacional de Proteção à Camada de Ozônio, o dia Mundial de Limpeza de Praias, o dia da Árvore, o dia de Defesa da Fauna, o dia Mundial sem Carro...

De acordo com o Biólogo Reuber Brandão, doutor em ecologia, “o Cerrado está em chamas, de uma forma que ha anos não acontecia ... Resta pouco do cerrado. Existe hoje menos de 50% da extensão original desse Bioma.”

Então não temos muito para comemorar neste dia.

“O fogo se alastra pelo Cerrado rasgando os últimos remanescentes naturais de um patrimônio natural único no mundo e quase exclusivamente brasileiro, mas que a Nação pouco faz pela sua conservação. No entanto, o fogo em si é um dos menores problemas que o Cerrado enfrenta, especialmente quando conhecemos o seu histórico ao longo da evolução do bioma. A queima descontrolada nas unidades de conservação pode até ser resultado de uma opção equivocada dos órgãos gestores quanto ao manejo do fogo. A grande questão é que o fogo mostra como se dá o avanço da ocupação descontrolada sobre as fronteiras naturais do Brasil.” diz o biólogo.

Brasília é uma linda cidade com uma das maiores áreas verdes por habitante do país. A cidade possui cerca de 50 milhões de m2 de gramados, 4 milhões de árvores plantadas e 1.000 canteiros ornamentais. Mesmo nessa época de seca encontramos cores nas árvores. É maravilhoso ver que mesmo em meio a tanta seca, de alguma maneira, algumas espécies encontram força para florescer de maneira exuberante fazendo um belo contraste com as folhas secas que cobrem o chão. Outras dão frutos nesta época. São em geral espécies nativas ou adaptadas a grandes períodos de seca.

Espero que neste dia do cerrado a reflexão seja para que cuidemos desse nosso patrimônio. Que nossos gestores dêem mais valor ao nosso cerrado, que na busca de mais áreas habitacionais ou para abrir caminho para agricultura haja mais responsabilidade para controlar de maneira sustentável o desmatamento e a ocupação desordenada.

Deixo algumas imagens que fiz com a câmera do celular enquanto caminhava neste final de semana . Fiquei cativada com a sobrevivência da cor mesmo em meio a tanta seca de Brasília. Os ipês, as sibipirunas e as mangueiras dão um show de resistência.

 







As mangueiras estão floridas e cheias de frutos

A amoreira cheia de frutos na seca

O campeonato de balonismo trouxe também cores para o céu de Brasilia durante toda a semana


Comentários

  1. Oi IOne!! O cerrado realmente é cheio de surpresas... mas está difícil suportar a todo esta secura!!! Hoje praticamente nãp saí da minha sala, uma indisposição daquelas! Faz tempo que não vejo Brasília tão seca assim... Grande abraço!!!!
    www.arquitrecos.com

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  2. Oi Ione, voltei!!! Adorei o mosaico de posts que você colocou na base da página. Tentei de todo jeito fazer isso antes das minhas férias mas acabei não conseguindo (acabei fazendo manual mesmo, foi um trabalhão...rsss). Agora vi o endereço do site aqui no seu blog e finalmente vou fazer direito no meu. Obrigada!!!!\Beijo!
    www.arquitrecos.com

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